Adrienne Corri, o anão Skip Martin e o David "Darth Vader" Prowse |
A capinha feita para NÃO vender DVD, da London Films |
Mesmo sendo fã incondicional da Hammer Films, eu sempre adiava assistir por puro preconceito (em parte justificado pela péssima escolha da capinha do DVD da London Films), mal sabia que acabaria se tornando meu filme favorito do estúdio.
Ok, exagerei um pouco agora (na verdade meus favoritos variam com certa regularidade) e talvez seja injusto fazer comparações, pois Vampire Circus é diferente demais de todos os outros filmes da Hammer.
Ainda que eu ame praticamente todos, aprendi a esperar deles aquela sobriedade inglesa, um certo comedimento e contenção, deixando os delírios e propostas mais escandalosas para as produções italianas e francesas do mesmo período.
Vampire Circus, entretanto, é extravagante, surreal, absurdo, carregado com uma sensualidade exuberante que eu nunca tinha visto de forma tão lasciva num filme da Hammer, nem mesmo na trilogia Karnstein e demais produções do ciclo dito como "apelativo e decadente" do estúdio nos anos 70.
Os vampiros do circo assombrado são, ao mesmo tempo, apaixonantes e perturbadores (o que é a cena de Milovan e Serena, a mulher-tigre?! Morri!), as cenas envolvendo ataques à crianças assustam e angustiam com sua forte insinuação de pedofilia, o roteiro injeta uma bem vinda ambiguidade nos personagens, onde tanto "vilões" quanto "heróis" alternam-se em momentos de calorosa simpatia ou imperdoável malignidade, mantendo o espectador permanentemente desconcertado.
Os vampiros do circo assombrado são, ao mesmo tempo, apaixonantes e perturbadores (o que é a cena de Milovan e Serena, a mulher-tigre?! Morri!), as cenas envolvendo ataques à crianças assustam e angustiam com sua forte insinuação de pedofilia, o roteiro injeta uma bem vinda ambiguidade nos personagens, onde tanto "vilões" quanto "heróis" alternam-se em momentos de calorosa simpatia ou imperdoável malignidade, mantendo o espectador permanentemente desconcertado.
Domini Blythe |
É um jogo perverso no qual vampiros e humanos, vítimas e algozes, realidade e sonho, se confundem e misturam num estranho e atemporal microcosmo onírico onde não há para quem "torcer" ou "se identificar", apenas se deixar perder. Acredito que somente na, já citada, trilogia Karnstein, especialmente em Twins of Evil, a Hammer ousou ser tão moralmente ambígua, mas não de forma tão desvairada quanto aqui.
Lalla Ward, uma das mais queridas companions da série clássica do Doctor Who |
Datado? Sem dúvida, ainda mais com o divertidíssimo visual glam rock do conde Mitterhaus, porém, por mais que pareça cômico hoje em dia, até isso contribui para a atmosfera exótica do filme. E afinal, como todo bom cinéfilo sabe, filmes só são datados pra quem se deixou prender numa única época e numa única lógica/estética cinematográfica. Para quem se permite derivar, cinefilia não tem época.
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