sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Para Além da Mera Nostalgia...


Por mais contraditório que seja, não sou tão nostálgico quanto pareço. Minha paixão pelo horror old school tem muito mais a ver com CONHECER o que era produzido ANTES do meu nascimento do que REVISITAR os favoritos de uma infância e adolescência vivida nos anos 80. Via de regra, rever hoje em dia algum dos típicos teenhorrors da época só serve pra que eu entenda porque os críticos costumavam detesta-los.

Por outro lado, as exceções a essa regra costumam ganhar um tipo de brilho que vai muito além da mera nostalgia e Fright Night, de 1985, é um caso emblemático. Para além de constatar, com um olhar mais crítico, que era de fato um filme bem escrito, dirigido e atuado (ao contrário de boa parte dos "clássicos" da época), com os conhecimentos que tenho hoje sobre o cinema de horror dos anos 60 e 70 eu consigo entender muito melhor o que Tom Holland estava tentando fazer do que quando era apenas um entusiasmado imberbe.

A Hora do Espanto ainda é um surpreendente e bem humorado "casamento alquímico" entre o velho horror gótico tipo Hammer Films (então dito como superado e démodé) e o horror explícito e iconoclasta que marcou os anos 80. Um equilíbrio delicado e precário, tanto que desandou já na equivocada continuação, mas que aqui funciona como um relógio de parede soando à meia-noite.

O carinho do diretor pelo gótico clássico é claro e evidente, mas sem nunca perder de vista a ironia de seu contraste com o cinismo oitentista. Holland sabiamente não tenta tomar partidos, evitando tanto o pedantismo do excesso de reverência quanto a indignidade do mero deboche, um conflito lindamente expresso no arco metalinguístico do "grande matador de vampiros" de Roddy McDowall, o velho ator decadente que aprende a usar sua própria condição de "typecasted" num papel dito como "ultrapassado" para criar uma nova identidade capaz tanto de abraçar o passado quanto de apontar para o futuro. Assim como o filme. Tão autoconsciente quanto o vampiro fã de filmes de vampiro de Chris Sarandon.

Mas o que mais me intrigou mesmo nessa revisão foi: como diabos eu podia NÃO NOTAR que Billy Cole, Evil Ed e o próprio Peter Vincent eram tão claramente gays? Mininu!🤭



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