The Fog (1980) não é o melhor filme de John Carpenter. Entre o fim dos anos 70 e meados dos 80 tem vários títulos que poderiam disputar essa posição com melhor desenvoltura. Mas há alguma coisa no velho A Bruma Assassina que parece torna-lo particularmente marcante, algo que vai além de seus defeitos e qualidades (e títulos nacionais infelizes).
Talvez por ser o único filme do tio Carpenter que pode tranquilamente ser classificado como gótico, uma boa e velha história de fantasmas, narrada da forma mais direta e tradicional possível, sem o menor receio de parecer démodé em meio à nascente onda dos slasher movies que o próprio diretor ajudou a dar início dois anos antes, com Halloween.
Bom, receio até que houve, várias das cenas mais brutais e sangrentas foram adicionadas a posteriori, quando o primeiro corte foi considerado um tanto sutil demais para as audiências da época, mas nada que fosse realmente escandalizar um leitor habitual de Edgar Allan Poe ou Arthur Machen, só pra ficar nas influências nominalmente citadas no roteiro.
Suponho que a ambientação costeira também possa ter seu papel no estranho efeito que esse filme parece ter... fantasmas e assombrações parecem ter outro peso no mar, não? Como se já trouxessem consigo uma ideia de "imensidão" e "profundezas", um tipo de "aura" que pode ser facilmente sentida em clássicos da ficção gótica como Na Cabine do Navio de F. Marion Crawford ou Manuscrito Encontrado numa Garrafa de Poe.
Mas suspeito que o segredo da ressonância desse pequeno cult esteja no fato de que boa parte de sua atmosfera seja construída em torno do ato de contar histórias. Desde a icônica abertura, com John Houseman narrando a lenda do Elizabeth Dane para um assombrado grupo de crianças ao pé da fogo, o filme escancara sua aliança com uma tradição acima de tudo oral. Nada de flashbacks ou recriações, só os personagens contando histórias uns aos outros nos mais diversos momentos, histórias que encapsulam e dão significado aos sustos e choques que virão.
Suponho que a ambientação costeira também possa ter seu papel no estranho efeito que esse filme parece ter... fantasmas e assombrações parecem ter outro peso no mar, não? Como se já trouxessem consigo uma ideia de "imensidão" e "profundezas", um tipo de "aura" que pode ser facilmente sentida em clássicos da ficção gótica como Na Cabine do Navio de F. Marion Crawford ou Manuscrito Encontrado numa Garrafa de Poe.
Mas suspeito que o segredo da ressonância desse pequeno cult esteja no fato de que boa parte de sua atmosfera seja construída em torno do ato de contar histórias. Desde a icônica abertura, com John Houseman narrando a lenda do Elizabeth Dane para um assombrado grupo de crianças ao pé da fogo, o filme escancara sua aliança com uma tradição acima de tudo oral. Nada de flashbacks ou recriações, só os personagens contando histórias uns aos outros nos mais diversos momentos, histórias que encapsulam e dão significado aos sustos e choques que virão.
O resultado é um filme de ritmo lento, pesado e melancólico, mas profundamente acolhedor, como uma fogueira de acampamento, com a voz grave e suave de Adrienne Barbeau nos sussurrando através da bruma. Como não querer ficar, não é?🖤
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