- A Bruxa (2015) é tão bom quanto os críticos estão dizendo?
SIM, é um dos melhores filmes de horror dos últimos anos.
- É uma obra-prima, um novo clássico?
Depende dos parâmetros de comparação. Se o parâmetro for a história do cinema de horror como um todo, A Bruxa pode ser considerado ao menos digno de figurar lado a lado com algumas das obras mais significativas dentro do universo do horror de baixo orçamento dos anos 60 e 70, particularmente o folk horror europeu ou de inspiração europeia (até o uso do arcaico formato de tela 1.66:1 remete a esse período). Me lembrou bastante pérolas cult como The Blood on Satan's Claw (1971), Incubus (1965) e Messiah of Evil (1973) e, sim, isso é um puta elogio! Se é um novo clássico, isso só o tempo pode dizer. Agora, se o parâmetro de comparação for a média do cinema de horror jumpscare boboca de hoje em dia, então sim, A Bruxa é uma obra-prima.
- É o filme mais assustador de todos os tempos?
- Vale a pena ver no cinema?
Receio que não, porque cinema não é (mais) lugar pra cinéfilos. A Bruxa simplesmente não combina com multiplexes de shopping e com o público acostumado a frequenta-los. Décadas de adestramento hollywoodiano acabaram criando espectadores que encaram a experiência cinematográfica como uma relação de custo benefício puramente comercial: "estou pagando, me entretenha" ou "vai logo, me assusta!" e A Bruxa simplesmente não trabalha nessa chave. O filme se vale de pequenos detalhes, sutilezas e ambiguidades, jamais reduzindo o potencial de suas imagens com explicações pseudo-didáticas. Não sinaliza com "assuste aqui", "tenha medo agora", "a moral da história é essa", preferindo construir uma atmosfera sinistra na qual o fantástico se insinua lentamente, deixando para o público o prazer (e a responsabilidade) de interpretar e significar a narrativa que se desenrola. Receita perfeita para enfurecer o espectador/consumidor mais típico que, via de regra, simplesmente não está interessado em mais do que uma diversão ligeira. Na sala onde eu estava, cada imagem ambígua e desconcertante criada pelo diretor era recebida com suspiros irritados, ruído de bundas remexendo nas poltronas, risadas desdenhosas e comentários em voz alta. Ao fim da sessão as pessoas faziam questão de alardear umas pras outras (de forma curiosamente melodramática): "É o pior filme que já vi na vida", "Críticos não sabem de nada", "Não gastou um tostão e ficou rico", etc, etc. Uma característica marcante do espectador/consumidor é a arrogância.
Cinema de horror de verdade não é para amadores.
Tive uma experiencia muito semelhante em uma sala de cinema em Viçosa - MG
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