quinta-feira, 2 de maio de 2019

Correndo com os Lobos...


Daqui do meu lugar de fala masculino, sempre me pareceu que a trilogia canadense Ginger Snaps (2000/2004) poderia se orgulhar de ser uma das franquias mais feminista do cinema de horror pop das últimas décadas.

Senão vejamos, começando pelo Teste de Bechdel: 1) Tem pelo menos duas mulheres em cena? Ok! 2) Elas conversam uma com a outra? Ok! 3) Sobre alguma coisa que não seja um homem? Super Ok!

E quanto à sororidade? Opa, sem dúvida. Trata de questões particularmente femininas? Sim também. Tem autorAs envolvidas no processo de criação? Bom, os diretores são homens, mas tem mulheres envolvidas nos roteiros e produção, sem contar a dupla arrasadora Katharine Isabelle e Emily Perkins nos papéis principais.

Seria o bastante?

Bem, de qualquer maneira, a saga das irmãs Fitzgerald é uma das mais interessantes histórias de lobisomem que o cinema já produziu e uma das mais queridas franquias de horror dos anos 2000, ao menos para um seleto grupo de admiradorxs. Porcamente lançada no Brasil com o inacreditável título de Possuída e covers constrangedoras que, de cara, condenaram a série ao limbo das prateleiras mais obscuras, a trilogia vai fundo na ideia da licantropia como metáfora do ciclo menstrual e do despertar da sexualidade, numa trama na qual suas heroínas só podem contar umas com as outras, mesmo quando em conflito, uma vez que as transformações e perigos que as ameaçam são totalmente incompreensíveis para a maior parte do elenco masculino.

Não é bem uma ideia nova, vide a clássica análise dos arquétipos dos contos de fadas, Mulheres que Correm com os Lobos, mas a química obtida pelos três filmes leva esses conceitos a rumos muitas vezes imprevisíveis, além de traduzi-los para uma linguagem bem contemporânea.

Tenho um carinho especial pelo terceiro filme, normalmente taxado de mais fraco, vendido como um prequel no século XIX, mas que, pra mim, de alguma forma, não é um prequel, mas uma sequência... um desfecho. Pra mim aquelas não são antepassadas erroneamente falando gírias modernas em 1815, são as próprias Brigitte e Ginger renascendo como conto de fadas, alcançando um tipo de "final feliz" que lhes foi negado nos filmes anteriores.

Together Forever...😉🥀



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