Certa vez, um amigo me contou um causo. Ele estava no cinema assistindo Terror na Ópera, do Dario Argento, lá pelos idos de 1987 (Argento no cinema... bons tempos), quando chegou naquela famigerada cena em que o assassino dá um tiro através do olho-mágico da porta e a bala atravessa o olho (e o cérebro, claro) de Daria Nicolodi.
Segundo meu amigo, o cara que estava assistindo o filme com ele começou a gritar. E gritar! E gritar mais ainda, segurando a cabeça com as mãos! Saiu correndo cinema afora e só parou de gritar a umas três quadras de distância!
Não por acaso, por mais que ame o cinema de horror italiano, sempre passei maus bocados com a peculiar obsessão dos italianos pelo órgão mais cinematográfico do corpo humano. Lucio Fulci, em especial, parecia até mais obcecado que o próprio Argento, não só pela tendência a hiper-focar os olhos dos atores nos diálogos, ao estilo Sergio Leone, mas principalmente por seu fetiche de perfurar e arrancar olhos das órbitas em quase todos os seus filmes dos anos 80, sempre em close e com riqueza de detalhes.
Mas por mais gráficos que sejam os efeitos de maquiagem de Fulci, nada se compara ao nível de sacanagem de Argento em Ópera, com as repetidas e antológicas cenas em que Cristina Marsillach é amarrada pelo assassino e tem agulhas grudadas debaixo dos olhos para não piscar, sendo obrigada a assistir cada detalhe dos mais cruentos assassinatos.
Muito já se falou dessas cenas como metáforas do cinema de horror em si, da dinâmica "não quero ver/tenho que ver" intrínseca ao gênero, mas o que realmente me pega (como ator) é imaginar COMO foram filmadas!😨 E Argento ainda me diz que a atriz espanhola foi a pessoa mais difícil com quem já trabalhou! Ora, vá a merda! E quem não seria?! Um brinde a ti, guerreira!🍷
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