quarta-feira, 15 de julho de 2020

Um Intensivão de Cinema de Horror Gótico...


The Terror deve ser o título mais genérico possível para um filme de terror, não?🤔

Mas e se eu disser que, pra todos os efeitos, essa produção de 1963 é de fato um exercício didático sobre o gênero?

Roger Corman tinha acabado de filmar O Corvo com a economia, eficiência e rapidez de costume e se deu conta de que ainda lhe sobrara quatro dias de contrato assinado com Boris Karloff! Ora, não sendo homem de desperdiçar recursos e tendo já a mão tanto o cenário do castelo quanto um jovem Jack Nicholson doido para mostrar serviço, Corman simplesmente embalou outra produção a toque de caixa, costurando todos os clichês possíveis do horror gótico (super em alta com a Hammer Films bombando na Europa e o Ciclo Edgar Allan Poe que ele mesmo desenvolvia para a AIP a pleno vapor) e improvisando o plot livremente quase que sem roteiro, dando oportunidade para que cada um dos seus protegidos da época pudessem dirigir ao menos uma cena, incluindo Jack Hale, Monte Hellman, Jack Hill, Dennis Jakob, o próprio Nicholson e ninguém menos do que um imberbe Francis Ford Coppola!

Sandra Knight, na época esposa de Nicholson (e grávida da primeira filha do casal), completou o quadro interpretando a misteriosa e tradicional dama fantasma da literatura gótica e... presto! Temos um clássico instantâneo do cinema "B" americano sessentista!

Bom... mais ou menos, chama-lo de "clássico" talvez seja um exagero e, no fim das contas, a coisa acabou não sendo tão rápida assim. Depois dos tais quatro dias ainda levaria mais uns nove meses de filmagens esporádicas e pós-produção até que toda essa bagunça pudesse ser montada num todo coerente, mas o exercício valeu a pena. Sombras do Terror foi uma espécie de curso intensivo de cinema de horror gótico para quem trabalhou nele na época e continua sendo para quem o assiste hoje. Um apanhado geral dos elementos mais emblemáticos e tradicionais do gênero, organizados de forma harmoniosa, esteticamente belíssima e quase que intencionalmente didática, desde a deliciosa abertura em animação até o desfecho bombástico com a inundação do castelo.

No fim, o título acaba sendo super apropriado: Roger Corman de fato nos apresenta: O Terror.😉



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