Antes da internet, passei uns bons anos achando que Spectre (1977) era uma lenda urbana. Ou talvez delírio da cabeça de um amigo meu que afirmava tê-lo assistido em algum momento dos anos 80.
Em minha defesa, esse mesmo amigo também jurava ter folheado o "verdadeiro" Necronomicon na biblioteca do pai (mais tarde descobri que era uma coletânea de contos de Lovecraft em espanhol😒), então convenhamos que eu tinha lá meus motivos pra ser cético.
Um filme de satanismo e demonologia escrito e produzido por Gene Roddenberry? O cara que criou Jornada nas Estrelas?! Estranho de imaginar, não? Pois é, mas existe! E é bem legal! Claro, dadas as devidas proporções de um telefilme setentista de baixo orçamento.
De fato, trata-se do último de quatro episódios-piloto que Roddenberry tentou emplacar sem sucesso no complicado período entre o fim da série clássica e o início da produção de Jornada nas Estrelas - O Filme. O único que não era ficção cientifica, o que combina melhor com o espírito da época.
Afinal os anos 70 foram a era de ouro dos telefilmes de horror, especialmente Satanic Horror e, nesse contexto, William Sebastian (Robert Culp) teria sido um Detetive do Oculto mais bem preparado que o velho Kolchak, mais na tradição de Carnacki de William Hope Hodgson e Jules De Grandin de Seabury Quinn. O tipo do cara que manja brindes em latim pra afastar demônios, mantém o apócrifo do Livro de Tobias sempre a mão para casos de suspeita de succubus e sabe muito bem que o lugar certo pra achar adoradores do diabo é na mansão de uma grande e tradicional família burguesa.😉
Essa abordagem fortemente ancorada em ocultismo "real", atenta às caracterizações e terminologias "corretas", é o que acaba tornando Spectre tão saboroso de assistir, apesar das limitações. É um filme... pitoresco. E curiosamente devasso para uma produção de TV britânica! Não era todo dia que se podia ver John Hurt na telinha conduzindo uma legítima missa negra e uma autêntica orgia satânica (com direito a nudez adicional na versão estendida pra cinema!) num filme dirigido pelo mesmo cara que criou Spock e Picard! E, afinal, a Majel Barret era a "verdadeira" Lilith? E o Asmodeus era um Gorn?! Ah! Como eu queria uma temporada inteira!😅
Esse filme conseguiu me fascinar desde que o assisti pela primeira vez, em 1981, na TV aberta - canal 13, a Bandeirantes de São Paulo. Procurei por anos e anos, até achar em DVD. Com a sofrível qualidade de VHS convertido, mas com direito a clássica dublagem "Odil Fono Brasil" rsrsrs...
ResponderExcluirCreio que uma refilmagem cuidadosa, ambientada na mesma época, com novos efeitos no lugar dos "defeitos especiais" de maquiagem originais seria igualmente saborosa e divertida de assistir ! E, fato, pena que não vingou como série...
ResponderExcluirEsse filme conseguiu me fascinar desde que o assisti pela primeira vez, em 1981, na TV aberta - canal 13, a Bandeirantes de São Paulo. Procurei por anos e anos, até achar em DVD. Com a sofrível qualidade de VHS convertido, mas com direito a clássica dublagem "Odil Fono Brasil" rsrsrs...
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