terça-feira, 15 de setembro de 2020

Audaciosamente indo aonde nenhum detetive do oculto jamais esteve...


Antes da internet, passei uns bons anos achando que Spectre (1977) era uma lenda urbana. Ou talvez delírio da cabeça de um amigo meu que afirmava tê-lo assistido em algum momento dos anos 80.

Em minha defesa, esse mesmo amigo também jurava ter folheado o "verdadeiro" Necronomicon na biblioteca do pai (mais tarde descobri que era uma coletânea de contos de Lovecraft em espanhol😒), então convenhamos que eu tinha lá meus motivos pra ser cético.

Um filme de satanismo e demonologia escrito e produzido por Gene Roddenberry? O cara que criou Jornada nas Estrelas?! Estranho de imaginar, não? Pois é, mas existe! E é bem legal! Claro, dadas as devidas proporções de um telefilme setentista de baixo orçamento.

De fato, trata-se do último de quatro episódios-piloto que Roddenberry tentou emplacar sem sucesso no complicado período entre o fim da série clássica e o início da produção de Jornada nas Estrelas - O Filme. O único que não era ficção cientifica, o que combina melhor com o espírito da época.

Afinal os anos 70 foram a era de ouro dos telefilmes de horror, especialmente Satanic Horror e, nesse contexto, William Sebastian (Robert Culp) teria sido um Detetive do Oculto mais bem preparado que o velho Kolchak, mais na tradição de Carnacki de William Hope Hodgson e Jules De Grandin de Seabury Quinn. O tipo do cara que manja brindes em latim pra afastar demônios, mantém o apócrifo do Livro de Tobias sempre a mão para casos de suspeita de succubus e sabe muito bem que o lugar certo pra achar adoradores do diabo é na mansão de uma grande e tradicional família burguesa.😉

Essa abordagem fortemente ancorada em ocultismo "real", atenta às caracterizações e terminologias "corretas", é o que acaba tornando Spectre tão saboroso de assistir, apesar das limitações. É um filme... pitoresco. E curiosamente devasso para uma produção de TV britânica! Não era todo dia que se podia ver John Hurt na telinha conduzindo uma legítima missa negra e uma autêntica orgia satânica (com direito a nudez adicional na versão estendida pra cinema!) num filme dirigido pelo mesmo cara que criou Spock e Picard! E, afinal, a Majel Barret era a "verdadeira" Lilith? E o Asmodeus era um Gorn?! Ah! Como eu queria uma temporada inteira!😅


3 comentários:

  1. Esse filme conseguiu me fascinar desde que o assisti pela primeira vez, em 1981, na TV aberta - canal 13, a Bandeirantes de São Paulo. Procurei por anos e anos, até achar em DVD. Com a sofrível qualidade de VHS convertido, mas com direito a clássica dublagem "Odil Fono Brasil" rsrsrs...

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  2. Creio que uma refilmagem cuidadosa, ambientada na mesma época, com novos efeitos no lugar dos "defeitos especiais" de maquiagem originais seria igualmente saborosa e divertida de assistir ! E, fato, pena que não vingou como série...

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  3. Esse filme conseguiu me fascinar desde que o assisti pela primeira vez, em 1981, na TV aberta - canal 13, a Bandeirantes de São Paulo. Procurei por anos e anos, até achar em DVD. Com a sofrível qualidade de VHS convertido, mas com direito a clássica dublagem "Odil Fono Brasil" rsrsrs...

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