Cuadecuc Vampir é um filme difícil de explicar. Chama-lo de "making of" é pouco. A não ser que possamos falar de um making of avant garde, talvez.
Rodado inteiramente nos bastidores das filmagens do Conde Drácula de Jesus Franco, o filme de Pedro Portabella é um fascinante experimento cinematográfico, que pode até ser desconcertante pra quem cair de paraquedas sem ter noção do contexto.
Basicamente, o que vemos é uma versão muda e pocket do filme de Franco, porém fotografada num preto e branco hiper-granulado de alto contraste, complementado por uma trilha sonora experimental altamente impressionista, que vai reapresentando a maior parte das cenas-chave em ângulos alternativos bizarros e não exatamente funcionais, quase como se estivéssemos assistindo a uma peça de teatro pelas coxias.
Já fizeram isso? Você vê a peça do começo ao fim, mas numa posição na qual ela não foi projetada pra funcionar, o que lhe permite prestar atenção em detalhes e fazer associações que o público normal não poderia (e, supostamente, nem deveria), como ver claramente o projetor posicionado no canto da lareira enquanto Drácula faz seu icônico discurso.
Portabella repete esse jogo cênico de inúmeras formas no decorrer dos 69 minutos, até desembocar num tipo de apoteose, quando Maria Rohm surge em cena a paisana, assistindo a preparação da sequencia em que as noivas serão executadas pelos destemidos caçadores de vampiro.
A essa altura, o limiar entre ficção e realidade já nos parece definitivamente borrado e tudo que resta é assistir, em transe, até que Lee tire a maquiagem e leia o final do livro para nós.
É aí que nos damos conta de que está na hora de despertar.
Obrigado por compartilhar essa relíquia. Jamais imaginaria que pudesse existir essa obra. O saúdo pelo seu excelente trabalho Pode velhor
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