É um fato curioso que quanto mais fã de horror, menos "medo" se sente.🤔
O fã ocasional, que infarta no primeiro jumpscare e só consegue ler Stephen King de dia, pode ficar surpreso em saber que temos até uma certa inveja.
Não tem como, quanto mais aprendemos e conhecemos do gênero mais difícil fica voltar a sentir aquele delicioso frisson dos primeiros contatos, quando o medo irracional por algo que sabíamos que nem existia nos obrigava a acender o abajur e dar uma olhadinha embaixo da cama, só pra ter certeza que não tinha mesmo nada lá.
Não que esse tipo de coisa seja indispensável, sempre defendo que o verdadeiro coração do horror (especialmente horror gótico) é a melancolia mórbida, sendo que o medo em si é apenas um dos múltiplos aspectos e temas que o horror explora. Mas mesmo assim o verdadeiro connoisseur nunca se cansa de procurar por alguma coisa que consiga fazê-lo voltar a sentir aquele "medo do que não existe", romper com sua racionalidade calejada e atingir as camadas profundas do inconsciente, única forma de re-evocar na vida adulta aquilo que costumo chamar de "terror sagrado".
Não que esse tipo de coisa seja indispensável, sempre defendo que o verdadeiro coração do horror (especialmente horror gótico) é a melancolia mórbida, sendo que o medo em si é apenas um dos múltiplos aspectos e temas que o horror explora. Mas mesmo assim o verdadeiro connoisseur nunca se cansa de procurar por alguma coisa que consiga fazê-lo voltar a sentir aquele "medo do que não existe", romper com sua racionalidade calejada e atingir as camadas profundas do inconsciente, única forma de re-evocar na vida adulta aquilo que costumo chamar de "terror sagrado".
Nem preciso dizer o quanto isso é raro... e pessoal. Uma mesma obra pode aterrorizar uma pessoa e causar risos em outra, então tudo o que dá pra fazer é tentar compartilhar certas experiências pessoais. E, no que me concerne, o autor que mais vezes conseguiu "me pegar" foi o irlandês Sheridan Le Fanu. Não por Carmilla, sua obra mais famosa (que amo por outras razões) mas sim contos como Schalcken, o Pintor, O Demônio Familiar e, acima de tudo, Chá Verde.
Provavelmente ajudou um pouco o fato de tê-lo lido pela primeira vez em, digamos assim, "circunstâncias ideais", sob a luminária de um assento dos fundos de um ônibus enquanto voltava de viagem a noite, mas o fato é que, por um breve (mas intenso) momento, eu literalmente vi os dois pontos vermelhos dos olhos do macaco fantasma que assombra o Reverendo Jennings, olhando pra mim por sobre um dos assentos na frente do ônibus.
E, naquele momento, não fazia diferença se eu sabia que era real ou não. Eu apenas gelei...e VIBREI!
E isso é algo que, com todo respeito, só o verdadeiro fã de horror pode entender.😉
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