sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

(Re)Assistindo: O Ciclo de Horror de Val Lewton na RKO dos anos 40

Cat People (1942)
de Jacques Tourneur
com Simone Simon, Kent Smith, Jane Randolph, Tom Conway, Jack Holt, Elizabeth Russell, Theresa Harris

Tava eu aqui, numa quase véspera de Dia das Bruxas, matutando como o pequeno ciclo de filmes de horror que Val Lewton, produziu para a RKO Pictures nos anos 40 bem que poderia ser considerado como a A24 de sua época.🤔

Sim, claro que a comparação é anacrônica (até um tanto frívola), mas não deixa de ser sugestiva. Ambos ganharam fama ao rejeitar os clichês e fórmulas manjadas de seus respectivos períodos (tipo os intoleráveis jumpscares de hoje em dia, ou a obrigatoriedade de ter um "monstro" em cada filme como na Universal Studios) em prol de um cinema de horror mais sofisticado e perturbador, que não subestima a inteligência da plateia ou sua disposição em esperar do gênero algo mais que mera diversão ligeira, ainda que isso envolva o risco de melindrar aquela parte (significativa) da audiência que só se interessa mesmo em consumir aquilo pelo que pagou ("Ah, esse filme não dá susto!" ou "Ah, esse filme não tem monstro!").

Tá certo que as semelhanças meio que morrem aí. A24 é uma empresa conscientemente voltada para um mercado de nicho, enquanto que o departamento de Lewton na RKO era por si só um nicho, pouco mais que mão de obra contratada pra surfar o máximo possível na onda dos Monstros da Universal com metade dos orçamentos da concorrente. A A24 tem toda a liberdade de promover seus filmes de forma coerente com sua lógica estética, enquanto Lewton sequer podia escolher os títulos e artes promocionais pré-definidos pelos marqueteiros do estúdio. A despeito, porém, de tudo isso (ou até por isso mesmo) obtiveram êxito em elevar um gênero recém nascido a um novo patamar de maturidade artística, algo que, na real, a A24 apenas resgatou depois de décadas de infantilização deliberada dos anos 80 em diante. No fim, se um dia houve algo que pudesse ser chamado de "Pós-Horror" (ao menos naquele contexto) foi o que Lewton e seus diretores criaram para o cinema de horror dos anos 40.

O que, ironicamente, incluía a invenção do jumpscare em Sangue de Pantera. Quem diria, não?😅


de Jacques Tourneur
com James Ellison, Frances Dee, Tom Conway, Edith Barrett, James Bell, Christine Gordon, Theresa Harris, Sir Lancelot, Darby Jones

"Eu andava com um zumbi... soa estranho, não é?"


Essa é a primeira fala do filme. E não tenha dúvida, Lewton e Tourneur estão sim dando uma piscadinha marota pra plateia, do tipo: "Ok, sabemos que o título é uma merda, mas vem com a gente.😉"

Por todo o ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40, títulos e materiais promocionais eram pré-definidos pelo departamento de marketing bem antes do roteiro ser escrito. A ideia era "quanto mais apelativo melhor", o que fazia certo sentido. Mais do que uma era pré-internet, essa era uma era pré-TV, títulos e pôsteres eram basicamente tudo o que havia pra seduzir alguém a comprar um ingresso em plena economia de guerra. Se tinham ou não relação com o filme, na lógica publicitária pouco importava.

Mas aí é que entra a finesse e o senso de ironia de Val Lewton e seus colaboradores porque, na real, o título aqui tem tudo a ver com o filme! Betsy realmente anda com um zumbi. De fato, NÓS andamos com um zumbi. Nós é que conduzimos Jessica Holland pela noite adentro, em seu vestido esvoaçante e fantasmagórico, através do canavial assombrado pelas memórias da escravidão, rumo à encruzilhada onde Carrefour nos espera para abrir os caminhos que poderiam (ou não) trazer a sua alma de volta. Só não imaginávamos quão triste seria essa caminhada, e quão apertado ficaria nosso coração.🥀

Por mais que Cat People seja sempre o título mais lembrado, A Morta Viva foi a primeira obra-prima do ciclo, o filme que fundamentou um estilo cujos objetivos iriam muito além dos interesse primários do estúdio. Um cinema que ressoava com as angústias das audiências dos tempos da Segunda Guerra Mundial de uma forma que os marqueteiros da RKO mal conseguiam imaginar, tanto que continuaram teimando com Lewton por mais "leveza" e "diversão" até o último dos nove filmes, independente dos resultados nas bilheterias.

Qualquer semelhança com as políticas de editais pós-pandemia será, naturalmente, mera coincidência.😜


The Leopard Man (1943)
de Jacques Tourneur
com Dennis O'Keefe, Margo, Jean Brooks, Isabel Jewell, James Bell, Margaret Landry, Abner Biberman, Tuulikki Paananen

A menina que tinha medo do escuro ouviu dizer que havia um leopardo à solta na cidade...

Era por isso que ela não queria sair a noite. Mas a mãe insistiu que fosse comprar farinha. "Já viu algum leopardo por aí? Não será hoje que vai ver, vai logo e não demora!"

Mas demorou, porque o armazém tinha acabado de fechar e a dona (que, por certo, também não ligava pro leopardo) não quis atende-la, mesmo sabendo que a menina teria que ir até o mercado do outro lado da estrada. "Terei de abrir, acender as luzes, pesar a farinha, dá muito trabalho!" E ela foi, seguindo por trilhas escuras e cheias de arbustos, até parar diante da enorme passagem embaixo da ponte. Ela hesitou por um instante, encarando a abertura negra, e então avançou para dentro da escuridão... onde um par de olhos frios a observavam...

Fosse qual fosse a época, essa cena seria uma obra-prima do suspense, mas revê-la hoje, sabendo como as pessoas lidaram com a pandemia de modo geral (e particularmente no Brasil), de algum modo parece torna-la ainda mais angustiante. A essa altura acho que não será surpresa para ninguém saber que, a despeito do cartaz, não tem nenhum Homem Leopardo aqui, ao menos não literalmente, tipo lobisomem. Esse é um filme sobre coisas ruins acontecendo com pessoas boas. Sobre relações de causa e consequência. Sobre o mal que escalona não por maldade ou mesmo intenção, mas por indiferença. Por "não se deixar afetar". Mais do que isso: é uma história sobre quão dilacerador é reaprender a se deixar afetar, especialmente em tempos de trevas, como o período da Segunda Guerra Mundial, quando o filme foi lançado, ou a nossa atual era de ofensiva fascista/burguesa, mas é a nossa única esperança de, quem sabe uma vez mais, adiar o fim do mundo (se é que ainda queremos).

O filme fecha (com chave do ouro) a participação de Tourneur no ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40. Val Lewton, todavia, estava só começando.😉


The Seventh Victim (1943)
de Mark Robson
com Jean Brooks, Tom Conway, Isabel Jewell, Kim Hunter, Evelyn Brent, Erford Gage, Ben Bard, Hugh Beaumont, Marguerita Sylva, Joan Barclay, Elizabeth Russell

"Eu corro até a morte, e a morte me encontra rápido... e todos os meus prazeres são como ontem."
🥀

Os primeiros filmes do ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40 até que se saíram bem em manter um equilíbrio razoável entre as ambições financeiras do estúdio e as obsessões artístico/temáticas de Val Lewton e seus colaboradores. Os executivos podiam não entender muito bem o apelo, mas não tinham do que reclamar das bilheterias. Mas algo me diz que ninguém, nem na RKO, nem nas audiências, poderia estar preparado para o que viria a seguir: um Film Noir existencialista sobre morte e suicídio, que encara o desejo de morrer não como uma patologia a ser julgada ou apaziguada, mas como uma alternativa digna de ao menos ser levada em consideração diante do vazio e da futilidade da existência.

É evidente que isso não aparece expresso assim, com todas as letras. Tecnicamente, A Sétima Vítima é sobre um culto satânico perseguindo implacavelmente uma ex-integrante que ousou revelar sua existência. Mas esse plot, tão simples que pode ser resumido em uma frase, simplesmente não dá conta da estranheza de suas imagens e da atmosfera melancólica que permeia cada instante da projeção. Desde o assombrado detetive sendo tragado pelas trevas no fundo do corredor, até o inevitável confronto de Jacqueline Gibson com suas "vozes interiores" (para bom entendedor) diante do copo de veneno, esse é um filme inteiramente dedicado àquilo que o escritor texano Robert E. Howard costumava definir como "humores sombrios".

Não é um filme perfeito, dá pra sentir o peso das reescritas em diversas lacunas e aparentes contradições no roteiro, mas perfeição raramente é uma virtude, seja na arte ou na vida, e é quase sempre no torto que se deve procurar pelo sublime, algo cada vez mais raro (e cada vez mais vital) numa época em que cada "imperfeição" humana é patologizada e escondida atrás de um alerta de gatilho.


de Mark Robson
com Richard DixRussell WadeEdith BarrettBen BardEdmund GloverSir Lancelot

"Vá até eles, Merriam! Fale com eles! Veja se consegue convence-los a ficar do seu lado contra a autoridade!"


Ainda que provavelmente tenha sido escolha do departamento de marketing da RKO, por remeter a um elemento sobrenatural que sequer existe no roteiro, O Navio Fantasma acaba sendo um dos títulos mais adequados de todo o ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40. De fato, o Altair é um navio tripulado por fantasmas, talvez do pior tipo: os que se dispõem voluntariamente à essa condição. É bem fácil, quase tentador, reduzir esse noir a uma história sobre um capitão psicopata. Afinal, é o tipo de "diagnóstico" que costumamos atribuir a figuras como o "messias" na presidência, não é? Mas nem o presidente, nem o Capitão Stone são psicopatas, são apenas covardes. E um covarde é muito pior que um psicopata porque é capaz de fazer qualquer coisa, não importa quão indigna, para esconder a sua própria indignidade, seja dos outros ou de si mesmo. E ao contrário do que supõe o senso comum (aliás, outra forma de covardia) a posição de autoridade tende a atrair covardes e não o contrário. É um escudo perfeito para evitar qualquer tipo de responsabilização real, qualquer necessidade de uma atitude verdadeiramente corajosa (como assumir fraquezas), cientes de que basta a posição em si para que os demais se sintam autorizados a abdicar do peso do conflito e da autodeterminação.

É interessante que Val Lewton tenha seguido por esse rumo a essa altura do ciclo, quando o precário equilíbrio entre as necessidades mercadológicas do estúdio e suas ambições artísticas já dava sinais claros de insustentabilidade, ainda mais com a tumultuada produção de A Sétima Vítima. É difícil não vê-lo na figura do "terceiro oficial" que tenta desesperadamente achar um único aliado que seja em toda a hierarquia do navio. Apenas para descobrir que Stone provavelmente tem razão: homens se acomodam com desconcertante naturalidade à condição de gado.


de Robert Wise & Gunther von Fritsch
com Simone SimonKent SmithJane RandolphAnn CarterEve MarchJulia DeanErford GageSir Lancelot

"Mas é um filme tão maravilhoso, por que esse título tão horrível?"


Tudo o que a RKO queria era uma continuação de Cat People, seu maior sucesso de bilheteria em todo o ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40. Ao invés disso, Val Lewton lhes entregou uma obra-prima. Um sensível e melancólico conto de fadas gótico que, de alguma forma, consegue ser ao mesmo tempo doce e assustador, cheio de elementos autobiográficos que deixam bem claro que a pequena Amy Reed nada mais é do que uma projeção da infância do próprio Lewton (e talvez até do Lewton adulto, cada vez mais isolado e pressionado em seu relacionamento com o estúdio).

Martin Scorsese chega a afirmar que Lewton fez os executivos de bobos. Fez, mas eu diria que com grande elegância, pois o resultado não deixa de ser, também, uma continuação do clássico de 42. Afinal, são os mesmos personagens, lidando com as consequências da tragédia que vivenciaram e plenamente coerentes com tudo o que já sabíamos sobre eles. Oliver continua controlador e manipulativo, Alice condescendente e com tendência a se auto anular (feitos um para o outro, portanto), mas dessa vez ambos são obrigados a encarar essas fraquezas por sua sonhadora filhinha de seis anos, de uma forma que a pobre Irina, sem dúvida a maior vítima do filme anterior, jamais teria condições de fazer.

De fato, ainda que a temática do "povo gato" fique para trás em prol de uma história sobre mitos e fantasias da infância, A Maldição do Sangue de Pantera propicia um desfecho e, de certa forma, um final feliz para todos os personagens do Sangue de Pantera original, especialmente Irina, que de bode-expiatório das neuroses alheias transcende para uma espécie de figura redentora, não apenas para Amy, mas para toda a sua família (e até para a misteriosa "Mulher-Gato" de Elizabeth Russell, num inusitado toque metalinguístico para bons entendedores). Não dava pra ser mais perfeito. Ou melhor, dava! Se o título fosse Amy and Her Friend, como Lewton queria.❤️


de Robert Wise
com Boris KarloffBela LugosiHenry DaniellEdith AtwaterRussell WadeRita CordaySharyn MoffettDonna Lee

"Val Lewton me resgatou dos mortos-vivos e, como ator, restaurou minha alma."
 Boris Karloff


Para os executivos da RKO, contratar o monstro de Frankenstein em pessoa era o passo final para tornar seus filmes de horror os lucrativos clones dos Monstros da Universal que eles sempre quiseram que fossem. Para Lewton, soava como seu pior pesadelo realizado, o fim da liberdade criativa e a perspectiva de trabalhar em função do ego de um ator-estrela. O que ninguém imaginava era que Lewton e Karloff se reconheceriam como almas irmãs e que isso acabaria por se tornar a base criativa pra fechar com chave de ouro a fase final do ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40.

Devo confessar que até assistir O Túmulo Vazio eu nunca tinha me dado conta do ator extraordinário que Karloff era. E ouso dizer que muita gente na época também não. Claro que o monstro foi maravilhoso, mas o sinistro cocheiro John Gray tinha outro nível de performance. De um personagem relativamente pequeno no conto de Robert Louis Stevenson, Karloff construiu uma figura assombrosa, o verdadeiro arquétipo do "ladrão de túmulos" (ou "rapa-carniça" em algumas traduções brasileiras), intimidante e assustador, mas também profundamente humano, e, a seu modo, até cativante. É impossível desviar os olhos dele, especialmente na lendária cena com Bela Lugosi, quando os dois maiores monstros da Universal quase parecem encenar uma versão estilizada de sua própria rivalidade atrás das câmeras.

No fim Lewton achou o parceiro ideal para expressar suas reflexões mais sombrias. O tema do roubo de corpos para faculdades de medicina no século XIX já é polêmico e difícil por si só, mas Lewton e Wise, esticam sua ambiguidade até o limite do insuportável. Em especial quando nos damos conta de que a cura da pequena Georgina só se torna viável mediante duas ações bastante específicas da parte de Gray: um capricho de bondade... e um ato da mais fria maldade. Se há alguma lição para tirar disso, fica por nossa conta... e risco.


de Mark Robson
com Boris Karloff, Ellen Drew, Marc Cramer, Katherine Emery, Helene Thimig, Alan Napier, Jason Robards Sr., Ernst Deutsch

"As leis podem estar erradas e as leis podem ser cruéis, e pessoas que vivem apenas de acordo com a lei são erradas e cruéis."


Chega a ser masoquismo rever A Ilha dos Mortos hoje, logo depois da (talvez pior parte da) pandemia. Já estava tudo lá. A praga que surge do nada e obriga um grupo de pessoas a se isolar numa ilha grega, evitando até mesmo o contato físico entre si. A deterioração da civilidade conforme os contaminados vão aumentando e a perspectiva de que as coisas voltem ao normal fica mais remota. E, por fim, a queda súbita no obscurantismo quando o velho general, desesperado com a perda de controle, começa a dar ouvidos às histórias de uma governanta supersticiosa. Histórias sobre deuses antigos, fantasmas e vampiros. Histórias sobre a Vorvolaka, que espalha a peste e se nutre com o sangue dos pobres mortais. E, afinal, não haveria entre eles uma jovem mulher que parece cada vez mais bela e corada enquanto todos ao redor definham? Não estariam os velhos deuses do Olimpo aguardando um sinal de devoção para poupar a humanidade uma vez mais? E quem senão um homem da guerra para tomar para si tamanha responsabilidade?

É claro que quaisquer paralelos com a situação brasileira se perdem conforme o filme se desenrola. Afinal nossos generais nem precisam de um surto de desespero ou crise de consciência pra negar a ciência, basta dinheiro mesmo (sem contar que nunca houve no Partido Fardado um milico com um décimo da dignidade do general de Karloff). Mas não deixa de ser uma sessão pesada para tempos como esses. Lançado um dia antes do encerramento da Segunda Guerra Mundial, esse talvez seja o mais sufocante de todos os filmes de Val Lewton para o ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40 (o único a mostrar ao menos uma gota de sangue!). Uma história sobre enterros prematuros, as vezes literais, como em Edgar Allan Poe, mas acima de tudo metafóricos. Os mortos ainda estão vivos, é o que os velhos deuses parecem estar tentando nos dizer. Ai de nós se não os ouvirmos.


Bedlam (1946)
com Boris KarloffAnna LeeBilly HouseRichard FraserGlen VernonIan WolfeJason Robards Sr.Leyland HodgsonJoan Newton

"É tentador pensar que a indústria cinematográfica matou Val Lewton, que ele não era páreo para sua dureza... mas essa seria toda a história?"
 Martin Scorsese


Levando em conta o quanto Lewton colocava de si mesmo em seus filmes, sua tendência a usar as personagens femininas como avatares e a relação cada vez mais conflituosa com os executivos da RKO, é bastante significativo que a última de suas produções para o ciclo de horror da RKO Pictures nos anos 40 tenha sido justamente sobre uma mulher trancada num hospício pela ousadia de não se submeter aos desmandos dos homens no poder. E é ainda mais significativo que longe de ser hostilizada pelos ditos "loucos", como seus detratores esperavam, Neil Bowen não apenas se vê amparara e acolhida, como (re)descobre entre os párias da sociedade um outro tipo de civilidade, que se tornará a base de uma revolta que o repugnante Master Sims de Karloff sequer poderia prever.

Difícil não ver aí um reflexo do bom desempenho que os filmes de Lewton sempre tiveram nas bilheterias a despeito das implicâncias dos marqueteiros. É quase como se Asilo Sinistro fosse o seu comentário final sobre todo o ciclo. Um comentário um tanto ambíguo e melancólico, como não podia deixar de ser, mas de certa forma até otimista, afinal Neil leva a melhor sobre o sistema que tenta silencia-la e os loucos acabam tomando conta do asilo... ao menos por um tempo.

E talvez seja isso o melhor que podemos esperar: tomar conta do hospício... por um tempo. Foi o que Lewton fez nesses breves quatro anos, enquanto o mundo lá fora era despedaçado pela Segunda Guerra Mundial. Depois disso foi só esperar pela morte em 1951, com uma ou outra desilusão pelo caminho, como ver seus protegidos Wise e Robson lhe dando as costas e indo tocar uma empresa independente sem ele. Business as usual. Seu legado está aí, pra quem for sábio o bastante para aprender com ele, mas para Lewton, de fato, foi o bastante. Quem ia querer ficar no hospício pra sempre?



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