sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Reflexões Sobre a Literatura Epistolar...

Campinas, 22 de Junho de 2009Carta Aberta aos participantes do Seminário I: “Reflexões Sobre Literatura Epistolar e Pesquisa em Educação”, ministrado pela Prof.a Dr.a. Agueda Bernardete Bittencourt, na FE/Unicamp

Sou de "entre-gerações" no que se refere a escrever cartas.

Explico: eu as escrevo, acho que é correto afirmar que sou uma pessoa que escreve cartas… entretanto não uso papel. Pra ser bastante sincero, desaprendi aquilo que, quando eu estava no primário, chamavam “letra de mão”. Nas raras ocasiões em que seguro uma caneta minhas anotações surgem automaticamente em “letra de forma” (bonita, segundo alguns… gentilezas). Entretanto, escrevo e-mails gigantescos (até recados de orkut gigantescos, desafiando a infame limitação dos 1062 caracteres), em português correto, sem abreviações e outros truques sujos.

Tais textos poderiam ser considerados cartas? É uma dúvida aceitável. Se, por carta, entendemos o objeto composto de papel e tinta, dotado de cheiro, textura e uma aura benjaminiana de presença única, como sempre gostam de salientar os amantes dos correios e os artistas postais, então e-mails e similares não teriam condições de pretender uma equivalência.

Porém, se por carta estamos nos referindo ao conteúdo desses objetos de papel e tinta, então os meios eletrônicos teriam todo o direito de se considerarem sucessores de uma tradição. Mais do que isso, teriam libertado a chama da comunicação das limitações de um suporte material. Esse seria o princípio do discurso dos defensores do novo: a rede da internet, ao contrário da rede dos correios, permite o elo imediato, comunicação imediata, cartas enviadas de um canto a outro do globo com a velocidade antes alcançável apenas pelo pensamento.

Dois pólos, como sempre acontece, mas como bom libriano com ascendente em Áries, tentarei me manter em algum lugar no meio.

Minha primeira experiência com cartas foi na infância. Minha avó era uma típica representante do êxodo rural. Mudou-se pra São Paulo em 1962, acompanhando meu avô que trocava a vida dura das lavouras pela vida dura das indústrias. Ela fazia questão de se corresponder com duas irmãs que permaneceram no interior, mas não sabia escrever, pelo menos não o suficiente. Então, uma vez por mês, eu fazia o papel de escrivão… ou, talvez fosse mais correto dizer, uma vez a cada carta que chegava (cada carta recebida ou enviada era sempre uma resposta à anterior, acho que ninguém se lembrava de ter começado, tudo era apenas uma continuidade naturalizada).

O processo era ritualístico ao extremo. Cada carta tinha duas páginas, frente e verso. O primeiro parágrafo após o cabeçalho era invariável: “______, espero que esta vá encontrar todos bons, que é o meu desejo. Por aqui também estamos todos bons…”, mais ou menos assim. Não lembro muito bem os detalhes, só sei que esse primeiro parágrafo meio que enrolava umas cinco ou seis linhas. Seguia-se um resumo das novidades desde a última carta, nada muito profundo, nada muito íntimo, apenas um relato de alguém que nunca dominou as faculdades da expressão escrita, mas que deseja (ainda que de forma quase inconsciente) manter os vínculos que os rumos de uma vida de escolhas escassas esticaram quase ao ponto de rompimento. Por fim, os últimos parágrafos eram destinados a necessidades, perguntas práticas, avisos necessários, antes do fechamento automatizado que, para meus olhos de hoje, parece simbolicamente carregado: “Nada mais resta. Saudade de todos daqui para todos daí”.

Para a criança que eu era na época, escrever essas cartas era apenas tedioso, não me dizia nada. E ainda levaria muito tempo até eu ter a quem escrever as minhas próprias cartas, fato que coincidiu com o advento das mídias digitais. Conforme eu me habituava às comodidades dos processadores de texto, mais difícil era lidar com as limitações da escrita no papel… processo demorado, cansativo, exigia correções desajeitadas, passar a limpo (sempre odiei fazer qualquer coisa duas vezes), porém a necessidade de escrever cartas, mesmo que não de papel, aos poucos foi surgindo, o impulso, a urgência de confirmar vínculo com pessoas distantes. Isso foi antes da internet e seus até excessivos mecanismos de manutenção de vínculos (ou ao menos a ilusão de vínculos), mas ainda assim surgiu paralelamente ao desenvolvimento dos primeiros computadores.

Por isso me considero “entre gerações”. Eu guardo memórias dos tempos em que e-mails não existiam. Me localizo em algum ponto entre pessoas como meu pai, que por mais que se esforce nunca consegue assimilar certas sutilezas do meio digital, e a moçada que cresceu num mundo onde o digital já estava naturalizado. Sou, como acho divertido pensar, da geração dos perplexos. Como Harry Potter, que nunca deixa de se maravilhar com cada descoberta em Hogwarts, embora todos ao seu redor achem tudo apenas normal.

É uma posição privilegiada, eu creio. Permite um ponto de vista que com o tempo se tornará mais difícil de encontrar. Nesse momento, por exemplo, me pego imaginando Oscar Wilde na solidão de sua cela, sem nada melhor pra fazer a não ser escrever sua gigantesca e devastadora carta a Lord Alfred Douglas e me pergunto como teria sido se ele tivesse um laptop ligado em wireless a disposição? (sendo, apesar de tudo, um prisioneiro privilegiado, não seria absurdo imaginá-lo gozando de certos luxos fora do alcance da ralé) Talvez ao invés da monstruosa carta, teríamos monstruosos e-mails, centenas deles, enviados todos os dias. Provavelmente vários ao dia.

Diante da ausência de respostas, é possível que Wilde arriscasse adivinhar a senha de seu ex-amante. Uma empreitada com grandes chances de ser bem sucedida, considerando que tinha tempo a vontade e sabia muito bem como funcionava a cabecinha não tão brilhante do patético lorde. É bem possível que seu desespero se acentuasse ao constatar que seus e-mails eram abertos (e presumivelmente lidos) quase na mesma hora em que eram enviados, mas nunca respondidos. Podemos imaginar o pobre Wilde revirando-se no colchão tentando achar um meio de deixar seu conhecimento claro sem se denunciar, sem arriscar que Douglas trocasse a senha, fechando assim mais uma porta, mais uma possibilidade de manutenção da obsessão.

Tendo uma natureza fútil tão pronunciada, Douglas com certeza prosseguiria na sua eterna busca por prazeres, apesar do possível sentimento de culpa pela desgraça daquele que, talvez, tenha sido seu único amor (ou até por isso mesmo). Em sua conta de e-mail haveria mensagens de outros amantes, muitas delas respostas de e-mails por ele enviados, ainda legíveis no rodapé. Muito material para o escrutínio de Wilde. Será que ele digitaria seu nome na janela de busca para chegar diretamante aos pontos neufrágicos?

Não satisfeito (sem dúvida não satisfeito) ele se tornaria freqüentador assíduo dos sites que Douglas montaria para fazer lobby de seus projetos literários, especialmente relativos aos planos de publicar as cartas/e-mais de Wilde. Isso se muitos deles já não tivessem sido recortados e coladas em blogs, entregues ao consumo público, intercalados por anúncios do Google Adsenses. É bem possível que Wilde não resistiria a postar comentários amargos visíveis a todos, encher de veneno as páginas pessoais do lorde, seu twiter, myspace, facebook (orkut não, Douglas provavelmente mal saberia da existência desse antro das colônias).

É até cabível imaginar que, sob tanta pressão, Douglas acabaria não resistindo a dar a Wilde algum tipo de resposta. Creio até que o aceitaria no MSN.

E já que estamos aqui especulando, de fato também consigo imaginar tranqüilamente Virginia Woolf teclando horas e horas no MSN com jovens poetas ansiosos por seus conselhos. Esses seriam talvez seus únicos momentos verdadeiramente livres, quando poderia brincar com avatares, ids, profiles, trocar de rosto, de sexo, experimentar identidades, até mesmo testá-las para seus romances. Afastar, ao menos através da interface digital, a presença do anjo da casa, especialmente nas madrugadas solitárias, quando os pensamentos não permitem o contentamento do sono e tudo o que resta são seus escritos e a luminosidade fantasmagórica da tela de cristal líquido.

Ela montaria um blog, eu creio, movida pela necessidade de ser lida rápida e diretamente, sem intermediários, mas de certo não o atualizaria com freqüência. Cada post passaria por um longo processo de polimento, de sofisticamento, antes de ser solto no mundo. Seu orgulho intelectual não toleraria menos. É provável que participasse de fóruns literários, ou mesmo criasse os próprios. Usaria avatares curiosamente andrógenos, para que as idéias não passassem pelo crivo do gênero. Com o tempo se tornaria respeitada como uma debatedora sagaz e impiedosa, uma referência em meio a wild world wide web.

Formaria vínculos fortíssimos com pessoas no mundo todo que jamais encontraria pessoalmente e que nunca saberiam seu verdadeiro nome, talvez sequer o seu sexo. Ainda publicaria seus romances, mas evitaria que fossem associados à sua identidade internáltica, mesmo sacrificando a possibilidade de mais leitores. É divertido imaginá-la usando diversas ids para tecer críticas irônicas a “Mrs. Dalloway” ou “Orlando” para indignação de jovens poetas apaixonados pela descoberta.

E, num dia qualquer, ela desligaria o computador, caminharia serenamente até o rio, encheria os bolsos com pedras e se deixaria levar pelas águas. E poetas em todo o mundo se perguntariam porque ela nunca mais fez login.

De alguma forma, é mais difícil imaginar as amigas Hannah Arendt e Mary McCarthy usando outra coisa que não cartas escritas a mão para seus colóquios privados. Como se a natureza do material fosse por demais densa para fluir através dos meios digitais. Ainda assim me parece viável que adotassem simples e sóbrios e-mails, longos e-mails, repletos de citações (muito mais simples de administrar digitalmente), links indicando textos complementares aos conceitos mencionados, tudo isso mesclado a relatos filosoficamente detalhados do dia a dia, redigidos e enviados quase que na mesma velocidade dos acontecimentos. Reunidos, tais e-mails seriam suficientes para encher não apenas um, mas muitos livros. Pena que a maior parte certamente se perderia após a morte das autoras, pois quem seria capaz de descobrir as senhas para recuperá-los? Afinal, não estamos falando aqui de um intelecto limitado como o do famigerado lorde Douglas de Wilde. Os biógrafos seriam obrigados a se contentar com uma ou outra página impressa, material suficiente para entrever a riqueza codificada em combinações de zeros e uns, encerrada para sempre num milímetro qualquer dos HDs da sede internacional do Google.

Bom… inútil prosseguir com essas fantasias steampunk. Afinal, se tais tecnologias estivessem disponíveis quando esses autores escreveram suas obras, seu mundo e suas vidas seriam diferentes demais para permitir especulações tão simplórias. A questão mais interessante aqui (interessante para nós, pessoas de “entre gerações”) é se hoje há quem utilize as novas formas tecnológicas de comunicação seguindo impulsos similares aos que levaram Wilde, Woolf, Arendt, McCarthy, Updike, Valéry, Rilke e etc a redigirem suas célebres cartas. Colocando em outras palavras, o material produzido para suportes como e-mails, myspaces, twiters, e orkuts poderia, de algum modo, ser chamado de literatura epistolar?

Não vou me arriscar a tirar alguma resposta da cartola. Posso no máximo especular, como todo mundo tem direito. A pessoa em mim que escreve cartas está mais do que disposta a abraçar a idéia de uma literatura epistolar digital. Entretanto a pessoa em mim que é muito bem familiarizada com o uso habitual dos meios de expressão internálticos tem dificuldades em conceber tal densidade literária fora dos meios impressos.

Mas, como disse antes, sou um bom libriano.

Voltando rapidamente à questão da dualidade “suporte X conteúdo”, acredito que superamos isso ao lembrar que o acesso às cartas célebres se dá, afinal, através do suporte “livro”, não do suporte “carta”, que é restrito ao destinatário e a um número reduzido de privilegiados com acesso ao material original. Ainda que a carga de ranhuras, manchas, amassados, cheiros e demais componentes de uma carta escrita a mão possam ser, de algum modo, transcritos e representados por um organizador cuidadoso, seu impacto sígnico e emocional completo continuará pertencendo à esfera do privado. O que sobrevive para o escrutínio do público é apenas o texto em si, devida e intencionalmente codificado através da combinação das 23 letras do alfabeto e, portanto, passível de ser reproduzido por quaisquer outros suportes.

Nisso chegamos à escala de reprodução dos meios digitais. Textos podem ser recortados, colados e reproduzidos a vontade, o que reforça a idéia de sua unidade fundamental. Entretanto esse novo suporte apresenta uma grave e inédita limitação: a possibilidade de recuperação do material é muito mais complicada. Não há o maço de papéis guardados numa gaveta ou num baú debaixo da cama. A intimidade é protegida por senhas e criptografia. Sem a colaboração do remetente ou do destinatário não há como ter acesso sem apelar para truques ilegais (e, mesmo assim, um hacker amigo meu me disse que uma das coisas mais complicadas de burlar é o acesso a contas de e-mail, especialmente se o dono utiliza uma senha bem escolhida).

Mas as cartas estão lá. Dados e mais dados armazenados nos HDs da Microsoft, do Yahoo, do Google e inacessíveis até para os próprios. Mas estão lá. Sei disso pelas tantas "cartas" que já enviei ou recebi, muitas das quais eu mesmo já não tenho mais acesso. Troquei de e-mail várias vezes, contas foram encerradas, cartas foram perdidas. Torrentes de palavras, duas ou três vezes maiores do que o presente texto, tentando expressar sentimentos difíceis de comunicar, direcionados para uma pessoa de cada vez. Essa, me parece, é a essência da literatura epistolar (me atrevo a dizer sem consultar qualquer definição acadêmica a respeito): literatura escrita para um único leitor, mas que acaba escapando das fronteiras da intimidade entre duas pessoas e torna-se de interesse de um vasto público voyeur. Cartas escritas nos momentos de mais profunda solidão e carência. E o que é mais solitário do que estar sentado diante do computador, mergulhado na administração de avatares e profiles?

O suporte mudou, os detalhes mudaram. Até a solidão não parece a mesma quando é constantemente interrompida por avisos sonoros do MSN e recados que cobram atenção. Mas ainda é solidão, não há como se iludir. Nada que não envolva contato de carne e sangue é suficiente. Não acredito que existam menos pessoas escrevendo cartas que mereceriam ser preservadas para a posteridade. A proporção deve ser ainda a mesma da época das epistolas célebres. As cartas tornaram-se mais voláteis, mais efêmeras, muito mais secretas do que os objetos de papel conseguiam ser, por isso é difícil não apenas ter acesso como também confirmar sua existência. Mas, afinal, desde o princípio são textos criados apenas para o destinatário, não é? For your eyes only.

Ainda há muito para ser escrito, mesmo que cada palavra se perca. Mesmo que a carta gigantesca de hoje amanhã não signifique absolutamente nada para nenhuma das duas pessoas envolvidas, e sequer exista um objeto de papel que possa reavivar sua força num inesperado momento futuro. Pessoas acreditam se amar, ou acreditam se odiar, ou gozam de uma amizade profunda que o tempo apaga… mas a carta, mesmo desaparecida, foi escrita. E seu autor, na secreta intimidade de sua acalentada solidão, é íntimo de Wilde, de Woolf e de todos os jovens poetas que virão.

Repassando o que escrevi até aqui, percebo que fui bastante simpático à suposta literatura epistolar digital. Para respeitar tanto a minha condição de "entre gerações" quanto minha natureza libriana faz-se conveniente encerrar com uma nota dissonante. Um amigo certa vez me disse que ninguém nunca lê nada na internet que tenha mais do que dez linhas. Cheguei a escrever um pequeno artigo tempos depois meio que em resposta, mas a verdade é que sei que ele está certo. Também sei que se já é difícil para um escritor com pleno domínio da linguagem expressar-se de forma profunda, que dirá a multidão de usuários limitados às variações do miguxês? (que alguns defendem ser uma nova linguagem, ou ao menos um dialeto, mas sinceramente eu tenho muita dificuldade em concordar: dialetos costuma ter sentido).

Em outra ocasião, alguém me disse não ter tempo para ler meus “contos enormes”, mas afirmava já ter entendido como eu escrevia apenas lendo as primeiras linhas (?!). Os tais “contos enormes” faziam parte de uma série de mini-contos publicados aqui no blog (não, não estou preocupado que a pessoa leia o que acabei de escrever e se ofenda… é muito improvável que alcance esse parágrafo).

(pensando agora nesses exemplos, fico imaginando que talvez minha avó, com sua cartas repetitivas, soubesse se comunicar melhor do que eu julgava…)

Estou ciente de tais coisas. São fatos que angustiam, intensificam a sensação de isolamento e, paradoxalmente, a necessidade escrever mais e porventura tocar alguém que ainda lê. Por outro lado, não me agrada a idéia de chegar a um certo estado de ojeriza que também já tive chance de testemunhar:

Num pequeno congresso de Poesia Visual e Arte Postal, tive a oportunidade de conversar com um dos artistas brasileiros de histórico destacado nas duas vertentes. Durante sua palestra, o artista mostrou, entre outras coisas, um poema dos anos 70 feito especificamente para o suporte slide, pois a potência dos versos se dava conforme iam desaparecendo quase tão rapidamente quanto eram lidos. Ingenuamente, comentei que o trabalho também poderia funcionar se o suporte fosse um gif animado e afirmei que ele tinha sido brilhante por criar uma forma poética perfeitamente adequada à reprodução via internet antes mesmo da rede existir.

Para minha surpresa, o comentário não foi encarado como um elogio. Houve um claro mal estar na sala e a resposta do artista, embora calma e pretensamente bem humorada, foi uma auto-defesa. Essa foi uma das ocasiões que contribuíram para o meu desencanto com a Arte Postal, ocasiões que me fizeram pensar se o que era uma vanguarda nos anos 60 e 70 teria se reduzido hoje a mera resistência narcisista a tudo o que não é espelho.

Mas enfim, em meio a tantas contradições eu encerro, sem procurar concluir nada. E como tudo no meio digital flui e não tem contornos, tomo a liberdade de remontar esse texto de forma a transformá-lo numa carta aberta (achou que era uma carta aberta desde o início? Que ingenuidade! Só pensei nisso agora… o que quer que “agora” signifique), uma carta dotada de recursos que o meio digital propicia e que, talvez, sejam bons substitutos para as manchas, amassados e ranhuras. Talvez alguém leia… talvez alguém se sinta motivado a comentar e assim começar um diálogo… coisas inesperadas já começaram assim.

E será que faz mesmo diferença se isso pode ou não ser chamado de literatura?

Atenciosamente,
Rodrigo Emanoel Fernandes




4 comentários:

  1. Ola Rodrigo,
    Você tocou num assunto muito caro a minha pessoa, sempre amei escrever cartas, apesar de já ser da geração da internet.
    Durante muito tempo troquei correspondência com uma pessoa querida e era sempre uma experiencia enriquecedora.
    Quando passamos a usar e-mails eu senti um decrescimo em nossa comunicação, então voltamos a nos comunicar por cartas.
    Quando mais tarde nos encontramos, escreviamos da cozinha para o quarto longos bilhetes !

    Eu acho estranho o rumo que a comunicação está tomando, não vejo com bons olhos, você falou algo interessante em seu artigo, ninguém realmente lê mais do que 10 linhas por este meio, eu sinto que a comunicação e por consequencia o relacionamento entre as pessoas está em pleno declinio !

    uma braço !

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  2. Obrigado, Mauro... de minha parte eu me alterno entre pessimismo e otimismo, conforme a hora do dia (aposto que isso transparece no texto). Pra ser sincero, eu não imaginava que alguém se sentiria motivado a ler a postagem até o final, algo super pessimista de minha parte. Entretanto, você leu e ainda achou por bem comentar, o que me leva a conclusão de que as coisas talvez não estejam tão más assim, não? Talvez seja apenas o caso de manter a atenção sobre como usar os meios que estão a nossa disposição... e se é pra começar de algum lugar, que seja de a partir de nós mesmos...
    Um abração... e continuemos a escrever...

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  3. Querido Rodrigo:

    Cheguei aqui através da seguinte "pergunta" que fiz ao Google: "Literatura Epistolar". Dei de cara com o seu texto que responde ou melhor, corresponde às inquietaçõs que me levaram a esta busca, a saber: um certo tipo de email pode (e, do meu ponto de vista, deve) ser considerado "literatura epistolar".

    Como os seus, meus e-mails são confeccionados com todos oscuidados que se deve assumir com a língua escrita.

    Usando de franquza, no entanto, devo confesar que não tive pique para ler todo o seu texto(ainda o farei, já está entre os meus favoritos) mas concordo com tudo o que li, Acho, no entanto, que o tema "Carta Aberta" não foi completamnte explorado por você para definir uma diferença fudamental entre a epístola de papele caneta e o e-mail. Pretendo justamente escrever sobre isto

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  4. Nunca escrevi uma carta na vida. Embora tenha nascido antes da internet todos meus amgios moravam próximos o bastante de mim para que isso não se fizesse necessário.

    Mas acho interessante como esse gênero já não tem a mesma força. Ela foi responsável por alguns dos maiores clássicos da literatura mundial, coisas do naipe de Drácula e Sofrimentos do Jovem Werther. Obras que influenciam a literatura até hoje. Mass hoje romances com essa estrutura narrativa. Talvez por falta escritores ousados, que não têm interesse em escrever livros baseados em emails ou postagens em blogs.

    Excelente o texto.

    PS: Li até o final. Abraços.

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